quarta-feira, 18 de julho de 2007

Cuba - 1996 (1ª Parte)


Em Novembro de 1996 viajei para aquele que se revelou um dos meus destinos favoritos "Cuba".
Não vou aqui falar de lugares turísticos em pormenor, por um lado porque não me lembro de nomes, e, por outro porque para isso, basta irmos a uma agência de viagem e folhear uma das inúmeras revistas de propaganda deste país.
Limitar-me-ei, por isso, a falar dos meus momentos vividos naquelas paragens e também da ideia generalizada com que fiquei do povo Cubano.
Não sou politica, não percebo nem gosto.
Possivelmente não gosto porque não percebo, ou então, não percebo porque não gosto.
Mas chegando a um país de tanta riqueza natural e com grandes cérebros como aquele, e, ver tanta pobreza miserável, deixou-me de facto a pensar, que a politica e os políticos não prestam.
Sim, confesso que até tenho uma certa admiração pela coragem daquele velhote de barbas, que apesar do peso dos anos e das lutas, se tenta manter hirto e firme, comandando o seu barco, que é como quem diz a sua ilha e o seu povo.
A responsabilidade é dele, sem dúvida, mas conseguir manter a paz e tranquilidade num país onde as pessoas têm de se alimentar, não de acordo com a fome, mas sim, de acordo com as ordens do seu “chefe”, é de facto de louvar.
O embargo imposto pelos americanos, contra a política comunista e ditadora de Fidel Castro, bloqueou o desenvolvimento económico e financeiro do país, deixando-o privado de bens essenciais, nomeadamente no que se refere à saúde (medicamentos e equipamentos médicos).
Paradoxo completo, tendo em conta que aqui se “fazem” os melhores médicos do mundo de diversas especialidades.
Todos nós, nos fomos habituando a ver na televisão os longos discursos do velho timoneiro, e, a ver muitos políticos na “plateia” a bocejar e/ou já agraciados pelo sono.
Mas que, 80% da programação da estação televisiva cubana sejam discursos do velho senhor, isso é obra, isso é mesmo lavagem cerebral.
Portanto, a paz é mantida no país, não pela força das armas (embora também seja), mas sim pela força das palavras ditas em forma de discurso por Fidel Castro.
O que notei ao falar com os habitantes, é que muitos, mas muitos mesmo, adoram e concordam com a política do “senhor”.
Outros, concordam, mas “apelam” a uma maior abertura, e, outros ainda são completamente contra e por isso falam em sussurro, com receio que eles próprios ouçam as suas palavras, os seus lamentos.
Em Havana, como aliás no resto do país, é notório o grande carinho e admiração por Che Guevara, o argentino que esteve ao lado de Fidel Castro na revolução cubana como médico da expedição e também como cronista.
Grande amigo e defensor das causas de Fidel e de Cuba, Che Guevara ocupou o lugar de presidente do banco nacional de cuba, quando a revolução terminou e Fidel ficou no governo do país.
Foi assassinado na Bolívia em Outubro de 1967, quando lutava pelo movimento guerrilheiro boliviano.
Muitas e belas canções dedicadas a ele, são cantadas nos bares e pubs de havana, enquanto de desfruta de uma bebida típica do país, como o caso do Daiquiri, ou do Mojito.
Esta ultima era a preferida de Ernest Hemingway, que celebrizou a Bodeguita del Médio, com a sua presença assídua enquanto escrevia, entre outros, “Por quem os sinos dobram”.
Adorei Havana, cidade rica em história e cultura, e, claro, como grande consumidora que sou, não podia deixar de mencionar a Feira de Artesanato, onde podemos encontrar pinturas magníficas, e, bijutaria manual de extrema qualidade e bom gosto.
De Havana, seguimos para Guamã, e, aqui tenho de falar de um sítio encantador “Lagoa del tesoro”.
Um passeio magnifico pelos canais verdejantes que nos levam a uma lagoa, povoada por esculturas que são verdadeiros tesouros.
Trinidad (outra paragem obrigatório) encantou-me, não só, pelo estilo colonial, mas acima de tudo pelo calor humano.
Pessoas verdadeiramente amorosas.
Uma particularidade interessante, era o facto de, em todos os locais que visitávamos, éramos brindados com uma bebida local (daiquiri, mojito, rum simples, ou rum + cola), isto desde a primeira hora do dia.
Equivale a dizer que andávamos sempre com um sorriso “estúpido” nos lábios.
Outra coisa que me encantou, por todas as cidades de cuba por onde passei, foram as tabernas (bodeguitas) sempre animadas com excelentes músicos a cantar para os clientes, ás vezes só dois ou três, mas a musica e o sorriso eram os mesmos se estivessem a actuar para uma grande plateia.
Uma situação que me perturbou, foram os rostos tristes e apagados das jovens mulheres que trabalhavam numa fábrica de charutos em Cienfuegos.
Um sitio escuro e poluente, aquele cheiro e aqueles rostos, ficaram marcados, até hoje na minha mente.
Claro que falar de Cuba sem falar de Varadero, seria quase impossível, até porque foi aqui que vivi alguns bons momentos da minha vida.
Sim, diverti-me muito nos passeios feitos de catamaran por aquelas águas límpidas e transparentes, onde começávamos a beber cuba-libre logo de manhã como se fosse água.
O almoço era servido em pleno mar, junto ás piscinas naturais onde nos deliciávamos a nadar, em especial antes do almoço, porque depois raramente nos aventurávamos, tão enfartados que estávamos da “comida” que tínhamos “bebido”.
Á tarde quando regressávamos uns cantavam e dançavam enquanto outros dormiam o sono da ressaca.
Nestes barcos de recreio era comum encontrar jovens formados em medicina, enfermagem, engenharia, ensino e outras formações superiores.
Estavam ali, não porque não tinham colocação na sua área profissional, mas porque ali conseguiam “alcançar” pesos convertidos que tanto ansiavam para poderem comprar bens alimentares de primeira necessidade para as suas famílias.
Não que nos sector do turismo os parcos salários fossem efectuados nesta moeda, mas porque, contavam com a generosidade dos turistas na hora de darem as “propinas” (gorjetas).

(....................continua............................)


Andando por Havana .....


Umas compras no mercado de rua...

Não foi facil .... não .... brrrrrrr


Distribuindo caramelos pelas crianças...


Expressões tristes numa fabrica de charutos ...

Cuba é musica....

Aqui cantava-se "El Comandante"... lindo!!!


Mais musica ... mais alegria....


Fotos tiradas por Joe Santos

Imagem da bandeira retirada da Internet

10 comentários:

Carminda Pinho disse...

Obrigada pelas suas palavras.
Voltarei em breve.
Bjs

Maria Clarinda disse...

De todas as descrições, de tudo o que tenho lido sobre Cuba(ainda não perdi a esperança de lá ir), esta foi sem dúvida a que me mais me marcou. Está extremamente bem escrita, Amiga. Viagei contigo , obrigada e cá ficarei à espera da 2ª parte.
As fotos ficaram giras.
Jhs.

Nilson Barcelli disse...

Ainda não fui a Cuba.
Tens viajado bastante, mas fico à espera de mais relatos.
Beijinhos.

C Valente disse...

Já visitei Cuba, Varadero e Havana, é de facto um povo pobre, mas de um modo geral atencioso ás vezes até de mais), mas nesta coisa de politica é tão incompreensível e tão injusto que por vezes já não sabemos onde para o mal e quem tem razão, uma coisa é certa ditaduras não.
Gostei de coba, assim como gosto por aqui passar
Saudações

Escorpiana Explosiva disse...

adorei ler algo de um lugar que pouco ouvi falar e as fotos estão lindas,volte sempre.

alfabeta disse...

Hasta siempre comandante, é a música que mais se ouve por lá, e eu adoro esta música, bjs

mixtu disse...

cuba
há idas referiram-me que tenho de ir lá antes da queda do senhor, pois tudo quedará diferente

abrazo europeu

C Valente disse...

E viva Fidel, e as belas praias , e o povo cubano
Saudações

Zuka disse...

Vim agradecer e retribuir a visita. Parabéns pelo Blog e por esta narrativa cubana!

Carminda Pinho disse...

Vitória se gosta de desafios passe lá pelo meu sítio.
Bjs